Palmyra Santos de Oliveira
Uma vida não basta ser vivida.
Ela precisa ser sonhada.
Mario Quintana
No dizer de Howard Whitman, “todos nós temos três necessidades emocionais básicas: sentirmo-nos estimados, importantes e seguros. É preciso que alguém goste de nós. Precisamos sentir que valemos alguma coisa. E precisamos sentir-nos a salvo de incertezas”. Esta uma preciosa lição que aprendi em uma Seleções de setembro de 1952, pouco menos de dois anos depois da minha chegada para viver e muito conviver em Montes Claros. Tenho absoluta certeza de que foi uma página da maior importância em todos os momentos de minha vida, principalmente na observação e no acompanhamento das pessoas que realmente gostam e desfrutam desta cidade, como é o caso da escritora Palmyra Santos de Oliveira, irmã do meu amigo José Gomes e mãe de quase uma dúzia de moças e rapazes, que tanto bem têm feito a este mundo de meu Deus. D. Palmyra é árvore, é ramo, é flor e também é fruto de um tudo de bom que a vida oferece e nos pode oferecer. Gosto dela, de como é, de como se mostra, de como administra cada minuto de existência. Amada-amante de todas as realidades e de todos os sonhos!
O livro ETAPAS DE MINHA VIDA, segundo da lavra de D. Palmyra, que você, leitor/leitora, vai ler, em seguida, é um fiel atestado do muito que ela sabe e da enormidade de bons sentimentos com que ela viveu bons tempos de Montes Claros e excelente tempos de Porteirinha, sedes dos seus domínios de amor, de serviços à cultura e de um importante plantar de amizades e carinhos. Tudo tem sido como um abrir janelas e respirar todos os azuis dos dias e das noites de uma vida de encantos. Tudo uma luminosa saudade para colorir santas lembranças, santíssimos sentimentos que ela soube nutrir em cada olhar que teve e que provocou, em cada passo que deu ou que chamou para perto de si. Nenhum mistério, porque a realidade tem que ser bonita, tem que ser visível, à luz do sol ou ao pisca-piscar da lua e das estrelas... Que cidade agradável e gostosa era a Montes Claros dos seus tempos de menina e de menina-moça: ricos quintais, doces brinquedos na porta da rua, vizinhos alegres e bem informados, tudo um universo para aprender e ensinar, eterno palco em meio de um empolgado auditório, ninguém sabe se mais de crianças que de adultos, hoje somatório de lembranças com dezenas de nomes de pessoas e de famílias: D. Consuelo, D. Inhá, Fani Maurício, Neusa, Nivaldo e Benedito Maciel, Juca de Chichico, Natália Peixoto, Píndaro, Maria Inês, Tatá, Umbelina, Artimínia, os tios Ulisses e Ambrosino, o avô Viriato, o pai Manuel, a mãe D. Laura...
História, estórias, casos e causos, muito ou tudo da mineiridade de D. Palmyra, tudo. Lindos momentos de pura amizade, evocações de sabores, evocações de saberes, sons e cores, afirmações de fé, perspectivas que só a paixão montes-clarense de início de século pode aflorar. Neste livro a autora não faz economia de amor, não deixa qualquer sentimento para depois. Tudo, tudo mesmo, é um constante hoje, um agora, uma sempiterna visão de quem sabe apreciar o mais apreciável de cada segundo vivido e amado. A Rua Doutor Veloso, o largo São Sebastião, mais tarde Praça Coronel Ribeiro, a Rua Bocaiúva, o centro da cidade, os bairros, as cercanias, as subidas e descidas, assim como as casas de comércio e as residências, cada coisa tem um valor, marca um sentimento, representa uma virtude. E as pessoas mais próximas do seu relacionamento – como a Gringa, José Galinha, Francisca, Tereza, Niqueda, Santa, Silvéria, Maria Violão, Bela, D. Josina, assim como a feira, a viagem a Bom Jesus da Lapa, os passeios, os fatos surpreendentes, até os registros de genealogia, que coisa mais interessante! O tempo não pára, mesmo que a saudade faça as coisas pararem ou as fixe para a eternidade de quem ama e, em verdade, gosta de amar. Um momento de poesia vale tanto quanto um milênio de sentires, principalmente quando esse momento é escrito e descrito por minha amiga, D. Palmyra, autora e dona deste Livro. O segredo – bem lembrou Mário Quintana - não é cuidar das borboletas, mas cuidar do jardim. Havendo jardim, muito haverá de borboletas. Importante que o valor seja dado ao que realmente importa! Devemos sairmos à rua ou ao mundo abertos aos caminhos e ao caminhar, sempre dispostos ao que possa acontecer - melhor dizendo - dispostos às venturas e aventuras.
Penso em D. Palmyra na mesma medida que penso em Cora Coralina, porque para ambas a vida seria curta ou longa demais - e sem sentido - se não tocasse o coração das pessoas. Marcante é o colo que acolhe, o braço que envolve, a palavra que conforta, o silêncio que respeita, a alegria que contagia, a lágrima que corre, o olhar que acaricia, o desejo que sacia, o amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que realmente dá sentido à vida. É e será! E que este livro da minha companheira de Instituto Histórico, mãe do presidente Itamaury, seja um precioso presente, um importante momento de leitura para você, leitor/leitora, acredito gente boa também do meu coração!
Parabéns, sempre menina-moça, PALMYRA SANTOS – Santos, Teles, Oliveira - glória de Montes Claros, magnífica glória de Porteirinha, cidade mãe dos seus filhos Irani, Itamar, Iolanda, Itajahy, Iracy, Ítalo, Ilacir, Itamaury, Isani, Ivan e Ilmar.
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