HISTÓRIA PRIMITIVA DE MONTES CLAROS E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando...
(Camões – Canto I, Est. 2) É o sonho de manter viva a memória que nos obriga a conservar e a desenvolver facetas individuais e sociais, que em primeira e última análise se delineiam em história. O saber ouvir se transforma no saber ler e, alfabetizado, o homem se impõe como quase dono da eternidade. Lendo, somos contemporâneos de Abrahão, de Isac e de Jacó. Lendo, vivemos e convivemos com Sócrates, Vergílio, Dante, Machado de Assis. Daí, a importância fundamental da leitura, da pesquisa documental, da moderna busca na Internet, tudo um batear de passado formador do presente-futuro. A curiosidade aqui não mata o gato, revive-o, reinventa-o em clonagem de saudades. E que bom!
É com o prazer sempre renovado que leio Dário Teixeira Cotrim nesta primitiva história de Montes Claros, iluminada com sóis calientes e luares seresteiros dos dias e noites vividos entre os anos de 1674 a 1857, exatamente antes de tudo que foi fixado pelo texto de Hermes de Paula, até agora o mais sério interessado da parte moderna de nossa história, nossas gentes e costumes. Leio Cotrim com olhos de admiração e profundo sentimento de respeito, vivendo e valorizando o seu gênio minerador validado pelos muitos documentos que ele apensa a essa sua primeira história de Montes Claros. Leitura e catarse, porque dela gratificação e alívio intelectuais e espirituais há muito almejados. Deo gratias!
Sempre agradável percorrer as trilhas do morgado Antônio Guedes de Brito, do mestre de campo Mathias Cardoso, do criador de gado e alferes José Lopes de Carvalho. Importante o saber sobre façanhas de Fernão Dias com todos os sonhos de descobrir esmeraldas e duríssima disciplina no dominar índios e companheiros de jornada, a ponto de enforcar o próprio filho em terras da vizinha Juramento. Valiosa a confirmação da morte do bandeirante na barra do Rio das Velhas, no Guaicuí, quem sabe até sepultado na igreja de pedra que serviu de podium para inflamado discurso do tribuno Simeão Ribeiro Pires. É doce saber que foi aqui, na Praça da Matriz, o polo irradiador de tudo que somos e queremos ser.
“... o sertão não tem janelas, nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão ou o sertão maldito vos governa...”
Guimarães Rosa
Marca importante do “Grande Sertão Veredas”, no dizer de Guimarães; “Coração Robusto do Sertão Mineiro”, na oratória de Francisco Sá, Montes Claros lhe agradece, Dário Teixeira Cotrim, por tudo que você informa, por tudo que você indaga, por todos os fios dessa gostosa tessitura de bens históricos a nós oferecida. Em linguagem descontraída, os jovens poderão dizer que você é demais... No dizer de nossa experiência e testemunho, um justo e oportuno desejo: tenha longa vida, Cotrim, para escrever muito, escrever sempre, escrever apaixonadamente como só um baiano de Guanambi sabe fazer!
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