Livro de prefácios e comentários

Wanderlino Arruda

2014


CÉLIO BARBOSA DE CASTRO

Posso imaginar com a visão de imensa saudade de quando, aos meus treze anos, vi e ouvi os acontecimentos do bonito inaugurar da estação da Central do Brasil, em Monte Azul. D. Zema, nossa professora, escolheu os que ela considerava os seus melhores alunos na chamada Escolas Reunidas Mato Verde – cerca de vinte – e nos levou num caminhão de Sinhô Teles para participar de todas as festas da tarde e da noite. Foi um acontecimento inesquecível com bandeirolas dos estudantes e discursos dos engenheiros e políticos, entre estes o mais importante, o Coronel Levy Souza e Silva, a maior fama de valentia de toda a região, notável orador de nunca menos de hora e meia de discurso. Anos mais tarde, em Montes Claros, tive essas saudades em muito acrescidas quando o mais importante dos colunistas sociais do Brasil, Ibraim Sued, me disse - no Haras Pirâmide -  que todas as fotografias foram batidas por ele, como enviado especial d’ O Globo e da revista O Cruzeiro.

          Tudo isso relembro de coração, porque foi o tempo que a cidade de Monte Azul contou com o nascimento do menino que os pais registraram com o nome completo de Célio Barbosa de Castro, que viveu muitos anos de pés descalços, tanto na terra-mãe como em Montes Claros, incluindo aí as aulas no Colégio Diocesano (estudei), e as tarefas e passeios do Grupo de Escoteiros.

          Outras lembranças que tenho ao escrever este prefácio deste livro VERDADEIRO AMOR, do irmão e amigo Célio, é de que Monte Azul, cerca de dois meses depois das primeiras chuvas, é um dos lugares mais bonitos do mundo. Registrando esta beleza com mais precisão, é importante dizer que a geografia entre Monte Azul e Mato Verde, mercê das nuances do azul quase esmeralda das montanhas, e considerando também as tonalidades do verde e do amarelo-ouro das plantas, tudo ultrapassa em muito a graça e o charme do Pantanal, em Mato Grosso, e do Vale californiano de San Francisco, nos Estados Unidos. Não posso imaginar nada mais perfeito em termos de natureza nas minhas experiências de viagens. Nem o verde do canavial entre montanhas dos meus anos de menino em São João do Paraíso!

          Nascido e criado entre a beleza e a paixão de terras tão bem permitidas por Deus, Célio Barbosa de Castro tornou-se um poeta de muito mérito, mesmo não tendo conseguido estudar mais do que os cinco anos de curso primário. Bom leitor, excelente observador da vida, cérebro e coração voltados para o bem e para o bom trato, aprendeu melhor do que muita gente estudada, a precisão do bem redigir e do perfeito alinhavar e costurar as palavras tanto na prosa como na poesia. E como diz ele até com orgulho, que ainda teve a sorte de ser mineiro:

                    “Cada um tem um destino,
                   sorte quem nasce mineiro.
                   Tem pureza de menino,
                    na política é o primeiro.”

           Vida de viajante, papo de vendedor, comportamento ético de escoteiro e de maçom, Célio Barbosa de Castro, teve sempre o maior respeito à cultura de nossa região, ao nosso modo de viver com simplicidade, ao carinho que temos com o próximo seja ele da família, da vizinhança ou do mundo. Até nas horas tristes – que todo mundo tem em algum momento – ele descreve com poesia:

  “Minha vida, meu sonho, meu enfadonho,/ não nunca quis seguir sozinho.” ...

 “Quem queria namorar /  menino de pé no chão?” ...

Quero oração como deve ser /  quando eu tiver mudado /  para o Oriente Eterno. /  Oração é vitamina da alma.”

      Esteja certo, Irmão Célio de Castro, que todos nós os seus amigos e companheiros, estamos de pé e à ordem diante da sinceridade e da beleza dos seus versos. O seu livro é também nosso. Suas palavras são as nossas palavras, suas verdades terão eco eterno para com o viver e conviver a sinceridade do amor e da fé, qualidades só encontradas em um VERDADEIRO AMOR!  Perfeito o Salmo 133, do Rei Davi, pai de Salomão, o mais sábio dos homens:

               Oh! Como é bom e agradável / é viverem unidos os irmãos! / É como o óleo precioso sobre a cabeça, / o qual desce para a barba, /a barba de Arão, / e desce para a gola de suas vestes. / É como o orvalho do Hermom, / que desce sobre os montes de Sião. / Ali ordena o Senhor a sua bênção, / e a vida para sempre.

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